A Depressão também é uma doença invisível e muitas vezes pouco aceite pela sociedade e se não for tratada e/ou controlada a tempo pode ter efeitos devastadores! “…um estudo da Universidade do Estado de Nova Iorque revelou que os países em que a depressão ataca com mais força são França, com uma prevalência de 21%, os Estados Unidos (19,2%), o Brasil (18,4%), os Países Baixos (17,9%) e a Nova Zelândia. Por outro lado, segundo um relatório de 2013 do projecto OSPI-Europe (estratégia de prevenção do suicídio daAliança Europeia contra a Depressão), estima-se que, em Portugal, a depressão afecta 7,9% dos adultos, sendo o terceiro pais da Europa onde o suicídio mais cresceu nos últimos 15 anos (mais de 5 portugueses suicidam-se todos os dias)" O que é a Depressão? A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil. Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afectam de forma negativa. No entanto, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda. A depressão pode afectar pessoas de todas as idades, desde a infância à terceira idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão. Estima-se que esta doença esteja associada à perda de 850 mil vidas por ano, mais de 1200 mortes em Portugal. A depressão pode ser episódica, recorrente ou crónica, e conduz à diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia. A depressão pode durar de alguns meses a alguns anos. Contudo, em cerca de 20 % dos casos torna-se uma doença crónica sem remissão. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado. A depressão é mais comum nas mulheres do que nos homens: um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde, em 2000, mostrou que a prevalência de episódios de depressão unipolar é de 1,9% nos homens e de 3,2% nas mulheres. Quais são os factores de risco?
É possível prevenir a depressão? Como em todas as doenças, a prevenção é sempre a melhor abordagem, designadamente para as pessoas em situação de risco, pois permite a intervenção precoce de profissionais de saúde e impede o agravamento dos sintomas. Se sofre de ansiedade e/ou ataques de pânico, não hesite em procurar ajuda médica especializada, pois muitas vezes são os primeiros sintomas de uma depressão. Se apresenta queixas físicas sem que os exames de diagnóstico encontrem uma explicação então aborde o assunto com o seu médico assistente. Quais são os sintomas da depressão? A depressão diferencia-se das normais mudanças de humor pela gravidade e permanência dos sintomas. Está associada, muitas vezes, a ansiedade e/ou pânico. Os sintomas mais comuns são:
Quais são as causas da depressão? As causas diferem muito de pessoa para pessoa. Porém, é possível afirmar-se que há factores que influenciam o aparecimento e a permanência de episódios depressivos. Por exemplo, condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos, etc. Determinar qual o factor ou os factores que desencadearam a crise depressiva pode ser importante, pois para o doente poderá ser vantajoso aprender a evitar ou a lidar com esse factor durante o tratamento. Algumas doenças podem provocar ou facilitar a ocorrência de episódios depressivos ou a evolução para depressão crónica. São exemplo as doenças infecciosas, a doença de Parkinson, o cancro, outras doenças mentais, doenças hormonais, a dependência de substâncias como o álcool, entre outras. O mesmo pode suceder com certos medicamentos, como os corticóides, alguns anti-hipertensivos, alguns imunossupressores, alguns citostáticos, medicamentos de terapêutica hormonal de substituição, e neurolépticos clássicos, entre outros. Estudos recentes sugerem que: - Poderá haver ligação com o aumento da Interleucina-6, uma proteína que estimula a reacção inflamatória e a produção de anticorpo (Escola Icahn de Medicina, do Hospital Monte Sinai em Nova Iorque). - Pode existir maior risco de depressão em indivíduos com níveis elevados de Proteína C Reactiva (PCR), uma substância sintetizada pelo fígado que é libertada às golfadas em caso de inflamação ou infecção (Archives of General Psychiatry). - Carência de Vitamina D, por falta de exposição solar ou devido à ausência de leite e ovos na alimentação, também pode ter efeitos crónicos na disposição do individuo (Sociedade Norte-Americana de Endocrinologia). Como se diagnostica a depressão? Pela avaliação clínica do doente, designadamente pela identificação, enumeração e curso dos sintomas bem como pela presença de doenças de que padeça e de medicação que possa estar a tomar. Não existem meios complementares de diagnóstico específicos para a depressão, e a bem da verdade, tão pouco são necessários: o diagnóstico clínico é fácil e bastante preciso. Dirija-se sempre ao seu médico de família ou clínico geral: estes médicos podem reconhecer a presença da doença, e caso considerem necessário, podem contactar com um médico psiquiatra para esclarecimento do diagnóstico e para orientação terapêutica (o medicamento a usar, a dose, a duração, a resposta esperável face ao tipo de pessoa, a indicação para um tipo específico de psicoterapia, a necessidade de outros tipos de intervenção, etc.). Como se trata a depressão? Normalmente, através do uso de medicamentos, de intervenções psicoterapêuticas, ou da conjugação de ambas. As intervenções psicoterapêuticas são particularmente úteis nas situações ligeiras e reactivas às adversidades da vida bem como em associação com medicamentos nas situações moderadas e graves. A decisão de iniciar uma psicoterapia deve ser sempre debatida com o seu médico: a oferta de serviços é grande, não é auto-regulada, e é difícil a pessoa deprimida conseguir escolher o que mais lhe convém sem ajuda médica. Os medicamentos usados no tratamento das depressões são designados por antidepressivos. Estes medicamentos são a pedra basilar do tratamento das depressões moderadas e graves e das depressões crónicas, podendo ser úteis nas depressões ligeiras e não criam habituação nem alteram a personalidade da pessoa. Com a evolução da ciência e da farmacologia, estes medicamentos são cada vez mais eficazes no controlo e tratamento da depressão, nomeadamente por interferência com a acção de neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, no hipotálamo, a zona do cérebro responsável pelo humor (emoções). Se o médico lhe prescrever medicamentos antidepressivos, siga as suas indicações e nunca pare o tratamento sem lhe comunicar as razões. Estes medicamentos não têm efeito imediato: pode demorar algumas semanas, 4 a 6, até começar a sentir-se melhor. O tratamento dura no mínimo quatro a seis meses. Obtenha toda a informação e esclareça todas as dúvidas com o seu médico. Tipos de depressão mais comuns: Depressão Major (maior): O paciente tem um histórico de vida emocional com vários momentos onde apresentou sintomas depressivos, muitos deles sem motivo vivencial aparente ou, quando há algum motivo, o quadro é desproporcional, tanto em intensidade quanto em duração. Essas pessoas são deprimidas, ou seja, têm um perfil afectivo propenso à depressão, têm com frequência antecedentes familiares de depressão. Frequentemente apresentam propensão ao choro, irritabilidade, ruminação obsessiva, ansiedade, fobias, preocupação com a saúde física e queixas de dores. Depressão Crónica: O paciente perde o prazer de realizar actividades quotidianas e sente-se angustiado, melancólico e sem energia para nada. Sentem-se apáticos, sem motivação, e os pensamentos quase sempre são negativistas. Muitas vezes chegam a pensar em suicídio, embora, na maioria das vezes, não de forma concreta. Quando esses episódios persistem por muito tempo, a depressão é identificada como crónica. A gravidade é mais acentuada quando a pessoa que sofre de depressão acha que não está doente, recusa-se a colaborar nos tratamentos, para os quais são indicados medicamentos antidepressivos para equilibrar os neurotransmissores. Depressão Pós Parto: Pode ocorrer por alguns dias ou até meses depois do parto. A mulher pode ter sentimentos semelhantes ao da depressão - tristeza, ansiedade, irritabilidade - porém são muito mais fortes. Geralmente impede a mulher de fazer coisas que precisa no dia-a-dia. Quando a vida normal da mulher é afectada, é um sinal certo que ela deve procurar logo um médico. Se a mulher não obtiver tratamento para a depressão pós-parto, os sintomas podem piorar e durar até um ano. Existem casos extremos em que a mulher mata o próprio bebé. Depressão Infantil e Juvenil: Os sintomas são diferentes: rejeição, enurese, encoprese, choro fácil, condutas anti-sociais, perda da atenção, fobia escolar, agressividade, cansaço matinal, entre outros. A depressão infantil e juvenil pode acarretar sérios prejuízos no desenvolvimento escolar e social. Dez medidas e atitudes que segundo os especialistas podem ajudar a não cair na depressão: - Fazer exercício físico - Evitar o stress - Dormir bem - Ouvir música - Beber um pouco de vinho todos os dias - Absorver luz solar - Meditar - Cuidar das relações afectivas - Fugir ao botox - Resistir a "comida de plástico" *** Testemunho de uma portadora de Fibromialgia e Depressão "Fui diagnosticada com Fibromialgia em 2003, embora já anteriormente tivesse sintomas que nenhum médico conseguia explicar. Chegaram a dizer que tinha de arranjar uma empregada, porque isso era cansaço de trabalhar e fazer o trabalho que todas nós fazemos em casa. Em 2001 acordei uma vez, totalmente paralisada. O meu marido a muito custo levou-me à urgência do Hospital de Santo António (Porto) onde a Médica Internista Drª Isabel Almeida, deu-me qualquer medicação de que agora não me lembro e marcou-me uma consulta para breve. Fez análises, raios X,mandou-me fazer ressonâncias magnéticas e viu-me os pontos chave da Fibromialgia. Apresentava se não estou errada 16 em 18 pontos dolorosos. Tudo isto demorou 2 anos. Então diagnosticou a Fibro e disse-me imediatamente que teria de consultar um psiquiatra, pois sem a ajuda dele ,não conseguiria aguentar esta doença. Assim fiz e fui continuando a trabalhar, ultrapassando vários limites. Até que um dia não me consegui levantar mais. Estive de ficar em casa 2 anos. Estive acamada, com uma depressão do tamanho do mundo, não tinha forças para nada, esquecia-me de tudo, não conseguia andar nem comer sozinha, tinham de me cortar a comida aos pouquinhos, não me vestia, estava todo o dia de pijama, tinha de ser a filha ou o meu marido a dar-me banho e muitas vezes de comer, não percebiam o que dizia, pois as palavras pareciam sair como se estivesse a mastigar, tive ataques de pânico em que fui várias vezes parar ao hospital, pois parecia que estava a morrer, não conseguia mexer-me nem falar, houve médicos do INEM e nos hospitais que achavam que era tudo fita e me deixavam os braços cheios de nódoas negras pois eu não conseguia reagir aos beliscões, tinha dores horríveis em que tinham de me levar às urgências tomar morfina, tive insónias, alucinações, perda de memória e concentração, cheguei a não reconhecer a família e pensar que estava raptada, não conseguia escrever com letra legível, nem assinar. Pedi reforma por invalidez, numa altura em que já me tinham arranjado uma cadeira de rodas, e levei um médico para me defender na Junta da CGA, em que reconheceram que eu não podia trabalhar, mas não me deram a reforma, tal como a junta médica da Empresa onde trabalhava. Empurravam, uma para a outra. Tomava imensa medicação, engordei, cheguei a pesar 74 quilos, eu que meço 1,53 metros. Finalmente encontrei um médico de medicina interna o Prof. Dr. Paulo Araújo, que viu que estava intoxicada de medicamentos e após vários exames começou a tirar-me a medicação aos pouquinhos, e agora tomo pouca medicação, quando pioro é que vou aos medicamentos em S.O.S, mudei de psiquiatra, pois o antigo só me passava o relatório que tinha depressão major e ideias suicidas, e essas nunca tive, e depois de me medicar primeiro com uma grande doze me anda a retirar agora aos pouquinhos e fiz terapia de Reiki e dieta indicada pela minha terapeuta. Emagreci, 20 quilos, recuperei a independência e regressei ao trabalho, embora condicionada. O meu testemunho é para dizer que já passei pelo"inferno" e sei o que passei e por isso exijo respeito por todos os que sofremos dessa doença e continuo a lutar com todas as minhas forças por quem sofre desta doença invisível, mas infelizmente que deixa marcas profundas. Atenção também, que todos somos diferentes e o que resulta para uns, não resulta para todos. Agradeço em último, que deveriam ser os primeiros, à minha família e amigos, que me compreenderam, visitaram, telefonaram, acompanharam e em especial ao meu marido e filhos que fizerem em casa tudo aquilo que eu não conseguia fazer e também ao meu cão. A todos os médicos que me tentaram ajudar mas não conseguiram. E por fim aos vários grupos de Fibromialgia de que me tornei membro, em especial ao Grupo de Jovens Portadores de Fibromialgia (Portugal), que desde sempre me deu todo o apoio e em que conheci Amigos que são para toda a vida, e que agora também quero ajudar. Em especial todos os que estiveram presentes nos almoços do 1º e 2º aniversário do grupo, bem como os que estiveram presentes num workshop, em que nos ensinaram os exercícios de ginástica que nos faziam bem, em Vila Nova de Gaia. E se me permitem um obrigado do coração, sem querer distinguir ninguém, mas a Joana Vicente que me apresentou este grupo, espectacular, e que sempre cumpriu o seu papel de administradora do grupo com um sentido de compromisso inultrapassável. Beijinhos e as melhoras para todos. Precisei de muito apoio, e ainda preciso, de todos vocês, mas desde que melhorei que sinto ser meu dever como Amiga ajudar todos os que estão sofrendo, como eu já sofri. Para todos só tenho uma mensagem." Coragem e nunca desistam, pois preciso de todos vocês na minha vida"." Maria Manuela Lema Leite Obrigada Manuela pelo teu testemunho e pelo teu carinho para comigo, com grupo e por ajudares outras pessoas. Continua com essa força! Se sofre de Depressão, por favor peça ajuda! Não é mais fraco por isso. É sim um sinal de força e maturidade. Explore as causas, pois podem ser biológicas (por exemplo alterações hormonais) ou não. Eu acho que acompanhamento psicológico é fundamental para todos os portadores da Fibromialgia. Sou seguida por uma psicóloga e foi a melhor decisão que tomei! Cuide de si! Pois mais ninguém o pode fazer por si... Fontes: Revista Super Interessante (Outubro de 2014) http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/ministeriosaude/saude+mental/depressao.htm http://psicologaregina.blogspot.pt/2012/02/tipos-de-depressao-mais-comuns.html
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Sobre as "Crónicas de Fibra"Originalmente este blog continha textos sobre Fibromialgia e não só, escritos pelas administradoras do site. CategoriasArquivos
September 2016
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