Afinal quem me conhece sabe que sempre fui de trabalhar muito e de repente fui vendo que cada vez tinha menos capacidades para fazer o que fazia anteriormente. Nunca fui chamada de preguiçosa, isso é verdade, pois mesmo já no limite de todas as capacidades humanas, tentei fazer sempre tudo ou mais do que o normal. Talvez por ter os melhores amigos do mundo, em tempo algum duvidaram de mim ou da doença que eu padeço, no entanto já ouvi desses mesmos amigos duvidarem que alguém tenha a mesma doença que eu, pois tendem a compara-los comigo. Acreditem não sou exemplo para ninguém. Não foi uma nem duas vezes que me disseram que sentiam as mesmas dores ou a mesma fadiga que eu, sempre respondo que existem diferentes patologias com sintomas semelhantes e que eu só tenho o “super-poder” de sentir as minhas e as de mais ninguém. A Fibromialgia é realmente uma doença incapacitante, não podemos ou conseguimos muitas vezes fazer as tarefas mais simples, até as do nosso lar, como lavar a louça ou por a roupa na máquina. Não existe ainda um exame que determine se um doente tem fibromialgia, sendo o diagnóstico feito através da exclusão de outras doenças. Na minha opinião é esta incapacidade e o facto de não haver qualquer teste que prove existir a Fibromialgia que “atrai” os verdadeiros preguiçosos. Será que é possível detectar um fibromialgico de um falso fibromialgico???? Para um doente verdadeiro, acho que é relativamente fácil detetar um falso doente, o falso doente tende a descrever os mesmos sintomas do doente verdadeiro, muitas vezes com os mesmos pormenores. O doente verdadeiro sabe do que se fala, o que se sente, mesmo sendo cada caso, um caso diferente. No geral sabemos que alguém que padeça de fibromialgia tem limitações na vida laboral, pessoal e social. Uma pessoa com diagnóstico de Fibromialgia conseguirá ir a uma discoteca todas as noites? Conseguirá sequer sair todos os dias ou noites com amigos, após um dia de trabalho? Provavelmente não. Mesmo sendo muito importante a interação social, na realidade é muito difícil manter uma vida social activa com esta doença. Considero, na minha opinião pessoal, este um ponto fulcral para detetar falsos doentes, são pessoas que não conseguem trabalhar nos seus empregos, não conseguem fazer as lides diárias dos seus lares, no entanto quando a questão é social estão sempre “bem”. É a realidade que diversas pessoas optam por não ter os seus lares aprumados, optam por não trabalhar e no entanto têm uma vida social muito activa, mas assumem-se assim. Alguém que assume a patologia de outro para justificar a falta de aprumo nos seus lares ou empregos, no entanto para continuar uma vida social muito activa já não sente as limitações da patologia assumida, esse sim é o verdadeiro preguiçoso. Lamentavelmente existem muitos casos destes e nós os verdadeiros doentes, nós que para além de sofrermos todos os dias com as limitações da patologia, temos ainda que lidar com o estigma da sociedade de que somos preguiçosos. Como já referi, na minha opinião este estigma é provocado pelos falsos doentes. Por isso cinicamente quero agradecer a todos os falsos doentes, sejam estes egocêntricos, hipocondríacos ou apenas grandes preguiçosos, agradeço o estigma que vários doentes sofrem devido à vossa atitude.
8 Comments
Conceição Cardoso
19/1/2016 09:02:47 pm
Por isso minha querida há os falsos Fibromiálgicos diagnosticados por médicos, que é o mais gritante, enquanto muitos de nós não conseguem que nos levem a sério.
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Eva
20/1/2016 11:15:47 pm
💙
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Berta Ferreira
20/1/2016 12:12:41 am
Como fui diagnosticada há pouco tempo, apercebi-me desta triste realidade recentemente. Também nunca fui chamada de preguiçosa, pois mesmo com a doença continuo a fazer o meu trabalho e a cumprir as minhas responsabilidades como antes, tanto na família como no trabalho. A muito custo, mas continuo...
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Eva
20/1/2016 02:52:23 am
💜
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wilma silva
20/1/2016 01:18:15 am
eu a muito sofro dores que me forçam em situaçoes sociais e familia e trabalho, muitas vezes saio me divirto e outras acabo nao conseguindo cumpri o compromisso, as vezes forço meu corpo ao limite ou alem por precisa trabalha passo um periodo significativo sem nada de repente vem ja tive que deixa de sair por conta de dores uma vez tentei foça me para não desaponta os amigos foi horrivel sentei-me em um canto mais afastado fiquei retraida e fazendo o tipo mal amada pq a dor era tanta que me incomodava com tudo e todos
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Eva
20/1/2016 11:16:43 pm
💚
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Neuza C. Santos
21/1/2016 01:55:49 am
Revonheço esse estigma, principalmente por estar a ser comparada com outras colegas... Ah! Fulana tb tem fibro e nunca falta.... isto mata-me por dentro. Já fui diagnosticada ha cerca de 3 anos, mas ja levo uns 5 de tormento! Felizmente a equipa de médicos que me segue sao incansáveis para tornar os meus dias melhores.
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Karla Xavier
18/3/2017 09:53:41 pm
Como eu gostaria de acordar e saber que essas dores não passam de um pesadelo!!! Esses falsos fibromialgicos não sabem nem de longe o que é isto!!! O que é ter que tomar banho sentada em dias de crises... O que é ter dores e zumbidos nos ouvidos... Não conseguir digitar em um teclado... Ou ter espasmos musculares a cada 30 minutos... Eles não sabem o que é isso!!!
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Sobre as "Crónicas de Fibra"Originalmente este blog continha textos sobre Fibromialgia e não só, escritos pelas administradoras do site. CategoriasArquivos
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