- O que é a Fibromioterapia? Muito basicamente o problema que vocês têm na Fibromialgia são vários sintomas mas uma das coisas que a gente sabe é que os músculos ficam muito tensos cheios de fibroses, com aqueles caroços. Essencialmente a Fibromioterapia vai alisar e desfazer esses nódulos, esses caroços que ficam. É uma técnica que se trabalha muito localmente, portanto na própria fibra muscular, em que eu vou desfazer essa fibrose e vou por o músculo novamente estriado, fazendo com que o músculo fique em ponto zero, como se não tivesse a Fibromialgia, como se fosse um músculo normal. Não é uma técnica invasiva, não há a inserção de agulhas ou químicos mas é uma técnica que causa alguma dor no paciente, podendo mesmo causar pequenos equimoses devido à vasodilatação. As pessoas têm que perceber que depende sempre da sua tolerância à dor. Nos dias seguintes ao tratamento há uma maior sensibilidade muscular mas passa rapidamente. A função desta terapia é a pessoa sair daqui a ponto zero. Equilibrada. Atenção não é curada porque a fibromialgia não tem cura mas reabilitamos a pessoa para ter qualidade de vida. - Portanto desfaz todos os nós que a Fibromialgia causa no corpo do paciente. Exatamente - E que como se processa essa técnica para que isso aconteça? Primeiro aquecemos o músculo a uma temperatura entre os 46 e os 50 graus, utilizando uma manta elétrica no mínimo por 20 minutos. Porquê? Que é para o calor interior, portanto a temperatura interna, ultrapassar a temperatura externa, que é para o músculo ficar tipo massa. Aos 46 graus o músculo fica maleável, sendo fácil eu a seguir trabalhar esse músculo, sentir onde estão as fibroses, sentir onde é que estão as linhas da miofibrila e trabalhar sobre ela. E depois com a máquina vibratória, que vai fazer vibrar o músculo, faz-se uma desfibrilhação muscular que é como se estivéssemos a desatar os nós que as fibras dão entre elas. A partir daí depois eu com as mãos consigo sentir e vou alisar diretamente sobre o músculo. Isto é uma técnica que em teoria é muito simples, não tem nada de complexo nem é um tratamento muito complexo. O que custa é aprender a ter aquela sensibilidade, a ganhar a sensibilidade na ponta dos dedos, porque só estamos a trabalhar com a ponta dos dedos, e conseguir ganhar a sensibilidade, saber onde é que estão os nódulos e conseguir desfazê-los sempre seguindo a linha do músculo, sendo preciso, por isso, ter um bom conhecimento anatómico. É preciso trabalhar o músculo no sentido que ele está. Todos os músculos que nós temos têm uma posição própria de encolher e esticar, eu tenho que trabalhar dentro da posição do músculo, do seu movimento natural de mexer. - Qual é a diferença entre a Fibromioterapia e uma massagem dita normal? Um massagista começa na ponta dos pés e acaba na cabeça e está ali uma hora a mexer nos músculos. A diferença é que não tem o aquecimento, e sem o aquecimento prévio isto não resulta porque a fibra muscular não fica maleável o suficiente para se poder trabalhar sobre ela, não há uma desfibrilhação. Logo aí não se vai conseguir desfazer os nós porque eles não estão prontos a serem desfeitos e depois nós trabalhamos cada sessão localmente, portanto eu para tratar cada conjunto muscular levo uma hora, daí serem precisas muitas sessões. Depois depende também das pessoas e da sua tolerância à dor. - Então entra aqui um paciente com Fibromialgia e tem que se programar várias sessões para trabalhar quadrantes musculares diferentes. Em média quantas sessões são necessárias para trabalhar o corpo todo? Depende do paciente. Depende também do grau de Fibromialgia, portanto da incidência da doença na pessoa e depende da tolerância da pessoa à dor. Nas pessoas mais sensíveis só consigo, inicialmente, trabalhar topicamente. Mas no mínimo, e com base na nossa experiência aqui na clínica, são precisos 20 tratamentos. E cada tratamento demora cerca de uma hora a uma hora e meia. - Quantas vezes por semana? Depende da disponibilidade da pessoa e da sua tolerância. Existe o tratamento dito normal em que o paciente vem cá varias vezes por semana e existe o tratamento intensivo, que é das 8 da manha às 5 da tarde, todos os dias durante 1 mês. Intercalamos a Fibromioterapia com outras terapias para dar tempo à pessoa de recuperar e conseguir ir suportando cada vez mais a Fibromioterapia. Porque lá está, temos de tratar a Fibromialgia como uma doença transversal e com esta técnica eu só consigo tratar o físico. Eu não consigo tratar mais nada. Por isso existem outras técnicas que são realizadas para tratar o paciente de uma forma holística como a acupuntura, a quântica, hidroginástica, yoga, relaxamento, nutrição, psicólogo… Podemos iniciar o tratamento com a Fibromioterapia ou com outra terapia, dependendo da necessidade mais urgente do paciente. - A conjugação dessas várias terapias é sempre aplicada? Depende um bocadinho da pessoa. Há pacientes que têm dinheiro para pagar tudo, mas outros não. Portanto vamos por partes, avaliamos os sintomas que estão mais fortes na pessoa e os que são preciso tratar em primeiro lugar. Por exemplo, eu preciso de um bom sistema linfático para trabalhar bem logo o primeiro tratamento poderá ser de detox. - Portanto a medicação interfere com o tratamento? O problema é que a maior parte das pessoas com Fibromialgia vêm com grandes doses de medicação durante vários anos. Já vêm. É claro que com o avanço do tratamento começamos a reduzir e conseguimos fazer a desintoxicação porque não há necessidade depois a pessoa continuar a tomar esses medicamentos. - Quantas pessoas com Fibromialgia têm tratado até agora? Esta clínica está aberta há 3 anos e já tratamos cerca de 200 pacientes com fibromialgia. - Quem não é de Leiria como é que podem ter acesso à vossa clínica? O tratamento intensivo é o mais indicado. O primeiro tem a duração de um mês. A clínica tem um acordo com uma unidade hoteleira e vamos buscar e levar o paciente. Portanto durante os dias úteis está à nossa responsabilidade. Esse primeiro tratamento, que fica em 1800 euros (IVA incluído), engloba a hospedagem durante um mês e todos as técnicas individualizadas necessárias para que o tratamento tenha sucesso. Só não engloba as refeições, mas o quarto está equipado para as poderem fazer lá. - Depois desse tratamento intensivo quando é que o paciente deve voltar cá? Depende do paciente e do estilo de vida que leva. Normalmente recomenda-mos aos três meses. Avaliamos e depois poderá ser mensalmente ou passado 6 meses. - Existem mais clínicas no país onde se faça a Fibromioterapia? Em Lisboa. Existe uma clínica privada em Lisboa de um senhor chamado Jaime Nobre, que tem a representação comercial da Lemeterapia em Portugal. Lemeterapia é o nome digamos comercial da Fibromioterapia, que é o nome científico reconhecido pela OMS. - Com tantos portadores de Fibromialgia em Portugal porque é que só existem duas clínicas que realizam esta terapia? Esta técnica é muito recente. Só em 1997 é que no Brasil ela começou a ter mais ênfase. Em Portugal somos só duas pessoas, e é uma técnica que apesar de ser muito simples na sua teoria é muito complexa na sua aprendizagem. Até se conseguir ter a sensibilidade de se conseguir trabalhar a fibra muscular demora-se no mínimo 3 ou 4 meses de instrução todos os dias. É preciso muita prática diariamente e não é fácil treinar colegas nesse ponto. Nem toda a gente tem essa disponibilidade e nem todos conseguem desenvolver a sensibilidade que esta técnica exige. - Mas dá formação? Quais são os requisitos necessários? Sim posso dar. Tem de ter um excelente conhecimento anatómico. Alguém da área da saúde é primordial, medico, enfermeiro, osteopata… E tem de ser alguém em que eu tenha confiança de que vai usar esta técnica a favor das pessoas e não só pela vertente comercial. A técnica não é para ser banalizada em que não há o cuidado de pensar no bem-estar do paciente mas só no dinheiro. - Não pensa em abrir clínicas em outros pontos do país? Sim, claro mas preciso dessas pessoas de confiança. Tivemos aqui uma pessoa a aprender a técnica durante um ano e depois teve um problema de saúde que o deixou impossibilitado de a praticar. Precisamos de mais terapeutas… Eu estou aberto a candidaturas… E se tivesse o apoio do estado era tudo bem mais fácil… - A nível médico esta técnica não é muito conhecida. Mandam fazer fisioterapia mas não referem que existe uma técnica desenvolvida especialmente para portadores de Fibromialgia… Porque é que os médicos não estão mais informados sobre a Fibromioterapia? Pois…Somos poucos e também ainda há muita falta de credito das medicinas complementares na comunidade medica. Não é fácil, especialmente sendo uma técnica tão específica. - Qual é o preço de uma sessão de tratamento? Nós temos três pacotes: 1 sessão são 25 euros (mais Iva), um pacote de 10 sessões são 200 euros (mais Iva) e o tratamento intensivo de um mês é 1800 euros (Iva incluído). - Para quem não é da zona pagar 1800 euros não é fácil… Existe algum acordo com alguma seguradora ou algo equivalente? Não. Já tivemos algumas propostas mas o problema dos seguros é que são eles que fazem o preço e eu tenho as minhas despesas. Menos do que isto é impossível, tendo em conta as despesas todas. Testemunhos
O primeiro tratamento foi feito depois de uma análise cuidada aos exames e a ela própria. Foi “leve e um pouco doloroso” mas “assim que sai da porta para fora foi um alívio”. No dia seguinte ainda estava muito sensível mas ao terceiro dia já estava com muito menos dores e dormiu como há muito não conseguia. "Houve uma altura que estava de cama e o David foi fazer o tratamento a casa. Ele é incansável” acrescenta. Com o aumento do número de tratamentos Sónia ficava admirada por “ficar tão bem tão bem” e após 4 semanas conseguiu reduzir drasticamente a medicação e retomar “uma vida normal. Voltei a ser eu”. Todos viram a sua mudança, em especial os médicos: “o meu ortopedista passou a referir a Fibromioterapia como tratamento aos pacientes.” Manteve-se durante 6 meses em tratamentos de uma forma mais intensiva e agora faz de 4 em 4 meses ou quando aparece uma inflamação e recorre terapia para evitar tomar uma dosagem de medição tão grande e tão agressiva. Presentemente faz terapia Quântica na clínica, que a tem ajudado a manter o equilíbrio emocional e também a ter menos crises.
Quando os contatei explicaram-me que Lemeterapia era o nome comercial e que o nome científico era Fibromioterapia e que sim, faziam essa terapia. Questionaram qual o meu estado de saúde na altura e a meu pedido falaram-me nos packs de tratamento. O único que seria ideal para mim, dado o meu estado e a distância a que moro, seria o pack intensivo. Claro, não era conhecido, mas era a minha última esperança, pois não víamos jeito de eu conseguir ir ao Brasil fazer o tratamento. Falei com o meu companheiro, que apesar de estar de pé atrás devido ao preço, disse que íamos lá visitar a clínica e falar pessoalmente com o terapeuta David Alves. O David mostrou-se disponível para nos receber e durante a visita explicou pormenorizadamente os benefícios do tratamento, viu que o meu companheiro estava reticente a pagar aquele valor e o David deu uma garantia: se eu não melhorasse e não retomasse a minha vida, devolveria o dinheiro todo. A decisão foi tomada no mesmo dia, comecei o tratamento no dia 1/7/2013 Quando cheguei a Leiria estava de muletas, tinha dificuldades em me levantar sozinha da cama e tomava à volta de 25 a 26 comprimidos diários e com a possibilidade de iniciar morfina, diagnosticada com depressão e a tristeza no rosto era mais do que evidente. Fui instalada numa unidade hoteleira, num quarto com 2 camas e qualquer meu familiar poderia ficar a acompanhar o meu tratamento. Como tal não foi possível, fiquei sozinha o que para mim foi melhor, fez-me lutar com mais força. De manhã por volta das 9 iam buscar-me ao hotel e levavam-me até à clínica que, apesar de ser duas ruas acima, eu não era de todo capaz de fazer o trajeto. Durante o tratamento fui acompanhada por uma psicóloga fantástica, fiz acupuntura, Fibromioterapia, hidroterapia, detox e terapia quântica na primeira semana. Os resultados saltaram à vista, na visita semanal do meu companheiro eu ao final de uma semana já só usava 1 muleta por precaução pois ainda tinha medo de deixar as duas. A meio da segunda semana foi introduzido o ioga que não apreciei por isso não continuou, já não usava muletas e já conseguia ir sozinha até à clínica. Nas duas últimas semanas intensificou mais a Fibromioterapia, fiz também massagens de relaxamento e de pedras quentes e algumas caminhadas para reforçar os músculos. No final do tratamento intensivo, que teve a duração de um mês, tinha deixado toda a medicação e estava sem quaisquer dores musculares. Retomei a minha atividade normal, tive de imediato alta da consulta de psiquiatria e a médica da unidade da dor pediu o contacto da clínica para a poder recomendar aos pacientes dela. Voltei para a primeira manutenção passado 1 mês e meio, agora faço a manutenção 2 vezes por ano. Aqui fica, o registo fotográfico, de alguns dos tratamentos que efetuei.” Agradecimentos Gostaria de agradecer ao terapeuta David Alves pela sua total disponibilidade, à Eva Macedo por me permitir assistir ao seu tratamento e pelo seu testemunho e à Sónia Isidoro também pelo seu testemunho. Bem-haja a todos!
3 Comments
David Alves
8/12/2015 10:12:07 pm
Quando pensamos que as finanças nos levam o pouco dinheiro que sobra de todo o trabalho que temos... Quando achamos o governo de nada nos vale, e vemos o panorama europeu, em que tudo se viu grego para lá chegar.... lol lol Eis que aparecem pessoas fantásticas, que não conheço de lado nenhum, e a quem nada fiz se não o meu trabalho.
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Chris P
8/12/2015 10:12:59 pm
O problema é o valor :-(
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odete
6/2/2017 05:30:25 pm
no algarve ha fibromiotertapia?
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Sobre as "Crónicas de Fibra"Originalmente este blog continha textos sobre Fibromialgia e não só, escritos pelas administradoras do site. CategoriasArquivos
September 2016
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