Sou a Conceição, tenho 50 anos e Fibromialgia diagnosticada há 16 anos. Comecei com dores inexplicáveis que me remeteram para uma cama, uma filha de 2 anos que não conseguia pegar ao colo e uma depressão pós traumática. Um quadro que acho todas/os conhecemos bem e que não é muito diferente de caso para caso.
Ninguém sabia bem o que era a Fibro (nem os médicos) e deram-me cortisona em doses industriais para andar, resultou para andar e engordar 30 Kgs em 3 meses!!! As dores pioravam pois era a única medicação que me tinham para oferecer e parei ao fim de 3 meses. Ao fim de 18 meses fui diagnosticada finalmente e descubro que sou intolerante a anti-inflamatórios. Foi várias vezes trocada a medicação até ser finalmente a certa ( quem não passou por isto?) Exceto o tempo que estive acamada e internada para estudo (+- 2 semanas), nunca faltei a 1 dia de trabalho, com mais ou menos medicação decidi que tinha de cuidar e ser forte pela minha filha. A minha filha tem doença genética crónica e rara e sempre precisou de mim para cuidados e internamentos constantes ( o último há 3 dias para uma cirurgia ) e eu tenho de estar sempre Forte, Firme e Positiva. É Difícil? Sim, Possível? Sim também :) A minha experiência ensinou-me que é possível viver com a Fibro como companheira ( é assim que a trato) e não como inimiga. Se tenho de viver com ela para o resto da minha vida e espero que seja longa, quando ela me ataca mais ( pois está sempre presente a dor, a irritabilidade, a insónia, o stress, etc ) eu levanto-me com mais dificuldade e com um sorriso mais amarelo talvez, mas agradeço mais um dia de vida, um dia em que eu decido que não reclamo, não me queixo, pois voltei a trabalhar após o acidente que me atirou para a "reserva" há sete anos. Penso que se trata de ver as coisas em perspetiva sempre. Há 7 anos eu não conseguia comer, tomar banho ou vestir-me sozinha, um acidente tinha-me tirado quase tudo. Há 2 anos voltei a trabalhar umas horas só, depois mais tempo e agora a "quase" todo o gás :D Não sou como era antes da Fibro? Não, mas sou a mesma e com muito mais vontade de viver e cada flor me encanta, não conseguia andar 100 m, agora faço caminhadas pequenas, não conseguia conduzir, agora conduzo em Braga... Aprendi a ter um enorme prazer em coisas tão pequenas e belas que nem sabia existirem... Penso que o lamentarmo-nos e martirizarmo-nos não nos ajuda em nada, aliás afunda-nos na depressão. Dar valor ao que tem realmente valor, a Vida, pode parecer difícil, mas é possível, e se é possível NÓS CONSEGUIMOS. Beijo e Abraço com muito carinho a nós Guerreiras/os! Conceição - 7/9/2017
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July 2023
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