9 de setembro de 2016 Por Teresa PAIS, PhD O diagnóstico de fibromialgia (FM) pode ser difícil para os clínicos, porque não existe um teste de diagnóstico específico e muitas vezes dependem de um conjunto de sintomas descritos pelos seus pacientes. Agora, em um estudo intitulado "A fibromialgia está correlacionada com o enfraquecimento da camada das fibras nervosas da retina", publicado na revista PLoS ONE, os pesquisadores revelaram que um exame oftalmológico não invasivo pode ajudar no diagnóstico de fibromialgia. Técnicas de imagem, como ressonância magnética, podem detetar mudanças neuronais em regiões cerebrais relacionadas com a dor de pacientes com fibromialgia. No entanto, estes tipos de exames são caros e nem sempre estão disponíveis na prática clínica. Isso levou os pesquisadores a investigar a perda visual em pacientes com fibromialgia, uma vez que é uma característica da disfunção neuronal facilmente detetada por exames de rotina.
A equipa de pesquisa analisou a função visual de 116 pacientes com fibromialgia e 144 saudáveis da mesma idade. Os investigadores utilizaram a tomografia de coerência óptica (OCT) para medir uma camada de fibras nervosas que reveste o olho, conhecido como a camada de fibras nervosas da retina (CFNR). "Os testes oftalmológicos descritos neste estudo permitem o olho a ser utilizado como uma "janela" para o sistema nervoso central, especificamente para observar diretamente os axónios no nervo óptico", escreveram os autores no seu relatório. Os oftalmologistas utilizam, rotineiramente, o OCT para diagnosticar doenças, tais como o glaucoma e retinopatia diabética, porque é não invasivo, é barato, rápido e confortável para o paciente. Usando a mesma técnica, os pesquisadores verificaram uma diminuição significativa na espessura da CFNR em pacientes com fibromialgia, mesmo em pessoas com fibromialgia leve, de acordo com o Questionário de Impacto da Fibromialgia (QIF). Dos pacientes com fibromialgia analisados, o OCT distinguiu aqueles com fibromialgia biológica (baixa depressão, mas alta sensibilidade à dor), em comparação com pacientes que sofrem de depressão ou fibromialgia atípica. Futuros estudos com mais pacientes com fibromialgia seguidos por períodos mais longos serão necessários para confirmar o uso de OCT como uma ferramenta de diagnóstico. Estes estudos também irão confirmar se o OCT pode ser usado para seguir a progressão da doença, para identificar pacientes com pior prognóstico ou em maior risco de perda de qualidade de vida, e para medir a eficácia do tratamento. "Obviamente, os pacientes com fibromialgia devem ser diagnosticados e acompanhados por um reumatologista, mas os testes oftalmológicos são novos, não-invasivos, e ferramentas de baixo custo que podem ser usadas para facilitar o diagnóstico de fibromialgia e podem reduzir as despesas associadas com diagnóstico desta doença" concluíram os autores. Fonte: http://fibromyalgianewstoday.com/2016/09/09/fibromyalgia-diagnosis-using-noninvasive-eye-examination Tradução: Fátima Figueiredo Data: 16 de setembro de 2016 NOTA: A APJOF entrou em contacto com a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia para analisar este artigo. Este foi o comunicado que recebemos por parte do coordenador de neuroftalmologia: “A Tomografia de Coerência Óptica (OCT) é um exame não invasivo e de simples execução que tem demonstrado alterações relativamente precoces em várias doenças neurodegenerativas. De facto, no caso das doenças que são citadas no artigo (Esclerose Múltipla, D. Alzheimer e D. Parkinson) as alterações na espessura da camada de fibras nervosas e parâmetros relacionados estão bem estabelecidas na literatura. Seja como for, mesmo no caso destas doenças o OCT não é ainda usado no diagnóstico. Em parte tal deve-se ao facto das alterações retinianas e do nervo óptico - nomeadamente a redução da espessura da camada de fibras nervosas e parâmetros relacionados - serem relativamente inespecíficas e poderem surgir no curso de várias doenças. Por outro lado, apesar dos autores deste artigo demonstrarem existir redução da espessura da camada de fibras nervosas (em alguns quadrantes da retina) em doentes com fibromialgia, sobressai a ausência de diferença na redução da espessura da camada de fibras nervosas global, bem como ausência de relação entre a espessura da camada de fibras nervosas e a gravidade da fibromialgia. Finalmente, sendo um estudo pioneiro nesta doença, como os próprios autores afirmam são necessários estudos mais prolongados e com maior número de doentes estudados para se poderem tirar conclusões que possibilitem a aplicação dos resultados à prática clínica. Em conclusão, este estudo necessita de ser validado por estudos de outros centros com maior casuística. É prematuro pensar que num futuro breve será possível diagnosticar e estadiar doentes com fibromialgia com recurso ao OCT. Ainda assim o estudo tem valor ao tentar encontrar marcadores estruturais objectivos que fazem falta no diagnóstico e estadiamento desta doença.”
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elisabeth
21/9/2016 02:32:47 am
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