Dos médicos que percorri, ao longo destes 13 anos como portadora de Fibromialgia, nunca nenhum me preparou para a realidade desta doença. Falaram da dor, das crises, do efeito do stress e da necessidade do exercício físico. Então e o resto? E as mudanças que temos que fazer por causa da doença? E as alterações da nossa vida profissional, social e pessoal? Porque não falam disso também? Sei perfeitamente que a doença não nos afeta de igual forma mas acredito que as principais mudanças são comuns. Mas porque não nos preparam para este futuro incerto? Para os sentimentos de raiva, de frustração, de perda, de inutilidade…Para os dias em que, mesmo mantendo uma atitude positiva, só nos apetece desaparecer, ou chorar até adormecer. Porque não nos avisam? Porque eles próprios não sabem! Só quem sofre é que sabe que a Fibromialgia exige muito mais de nós próprios do que uma simples aceitação da doença. Mudamos o nosso estilo de vida. Tentamos viver com menos ansiedade e stress, implicando muitas vezes uma mudança de emprego. Mudamos a exigência de nós próprios. Aceitamos as limitações do nosso corpo. Mudamos a nossa vida social e pessoal. Dos amigos, vão ficando aqueles que nos aceitam e respeitam. Com a família, lutamos pelo equilíbrio entre as nossas dores e a necessidade de contribuir enquanto conjugue e mãe/pai. Mudamos a nossa alimentação. Extra saudável, evitando o açúcar e o glúten. Mudamos a nossa imagem. Com o metabolismo mais lento pelos medicamentos e pela própria doença, o nosso peso aumenta. A dieta torna-se um stress adicional. Gostar da nossa nova figura é um desafio. Mudamos as nossas prioridades. Com energia limitada substituímos as idas ao shopping e ao café por passeios em família e tardes de cinema em casa Mudamos os nossos sonhos e os nossos objetivos. Tudo gira em torno das restrições físicas e das dores. Mudamos. Muito. Mas sabem? Estou farta de mudar! Estou cansada de mudanças! Posso ter um intervalinho por favor? Quero saltar, correr, dançar. Quero brincar com as minhas filhas como sempre sonhei! Quero viajar sem ter de me preocupar se levo os medicamentos, as vitaminas, as almofadas, se vou aguentar as horas da viagem sem desesperar com dores… Quero comer chocolate até me doer a barriga! Mas a vida de um portador de Fibromialgia não é feita do que “eu quero”. A Fibromialgia muda tudo! Aquilo que “eu quero” torna-se aquilo que “eu posso”. E no fim do dia eu posso abraçar e beijar as minhas filhas e o meu marido. Eu posso sorrir, amar e tentar viver, dando o melhor que eu posso. Porque nunca vou permitir que a Fibromialgia mude a minha essência. Mas se alguém pensa que a Fibromialgia nos torna fracas(os) e frágeis, que se desenganem! Porque quando é preciso, as borboletas ganham “garras” e até “rugem” se preciso!
3 Comments
Fabiana Murer
8/12/2015 08:50:53 pm
que lindo escrito ^^
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Paula Paulo
8/12/2015 08:52:01 pm
Adorei ,esta mesmo um optimo texto a descrever a nossa pura realidade de vida. Bjnhs
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Psicogerações gabinete
8/12/2015 08:52:31 pm
Eu como vania moreira só. Não aguento mais. Hj meu dia esta a ser horrível.
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Sobre as "Crónicas de Fibra"Originalmente este blog continha textos sobre Fibromialgia e não só, escritos pelas administradoras do site. CategoriasArquivos
September 2016
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