E agora? Para mim, quando os sintomas apareceram foi o fim de uma era, foi o fim de como me conhecia a mim mesma até aquele ponto. Tinha 25 anos. Mas quando fui diagnosticada, foi um alívio. O diagnóstico demorou, porque fui diagnosticada outros tipos de doenças primeiro, mas quando os médicos chegaram todos à mesma conclusão foi apenas vantajoso para mim, e acredito que para todas as pessoas na mesma situação. Ter uma doença crónica, em que os sintomas afetam imenso a qualidade de vida da pessoa, e
principalmente se um desses sintomas for dor crónica, é sem dúvida horrível, mas não é o fim da nossa vida. Ao princípio eu pensava que era o fim, que a minha única opção era acabar com a minha existência. Fiquei muito tempo na cama, a tentar não me mexer, porque o movimento aumentava (e aumenta) as minhas dores. Experimentei medicina alternativa (acupuntura e massagens) na tentativa de aliviar os sintomas, mas não obtive resultados. Até que finalmente tive consulta no departamento de Neurocirurgia e o meu médico deu a indicação que eu precisava de medicação. Não vou alongar-me muito, mas a medicação salvou-me. O meu nível de qualidade de vida melhorou o suficiente para eu conseguir viver com a Fibromialgia. Foi nesta altura que fiz seguro de saúde e comecei as consultas na Unidade de Tratamento da Dor do Hospital dos Lusíadas em Lisboa, Alto dos Moinhos. Para quem toma medicação, é essencial procurar alguém especialista na área. Não deixem que seja o(a) médico(a) de família, ou outro médico qualquer. Peçam para ser tratados na Unidade de Tratamento da Dor do Hospital de Santa Maria, ou no Hospital mais próximo de vós. E sim, a medicação ajudou, mas ainda tenho dores. As minhas limitações ainda são muitas. Não consigo cozinhas, limpar a casa, carregar pesos, estender a roupa, apanhar a roupa... Não consigo ter um trabalho das 9h às 17h. Arranjar emprego tornou-se ainda mais difícil. Anteriormente a ter sintomas trabalhava como Cake Designer, mas foi esse emprego que me prejudicou a saúde. Como o meu objetivo sempre foi ser artista em full-time, abri atividade nas finanças como artista pintora freelancer. Abri atividade como tradutora, e abri atividade como explicadora. Entre esses 3 trabalhos o meu rendimento regular não passa dos 200€. Estou a viver com os meus pais, apesar de ter 30 anos, e sou dependente deles para conseguir comer e ter um quarto. Muitos de vós devem estar na mesma situação, mas peço que sejam bondosos convosco, que não se culpem, nem se sintam inferiores por causa disso. Não prejudiquem ainda mais a vossa saúde só por causa da pressão à vossa volta. Perdi pessoas próximas de mim quando fiquei doente, mas também fiz novas amizades com pessoas incríveis que compreendem a minha realidade. A internet é uma ferramenta maravilhosa. A Elisabete que eu era não é a que sou hoje, mas isso não quer dizer que não possa amar esta nova versão, que ainda estou a descobrir quem ela é. Não se deixem ir abaixo se encontrarem profissionais de saúde que não vos consigam ajudar. O livro de reclamações existe para ser usado. Lutem pelos vossos direitos e sigam em frente. Pesquisem muito. Conhecimento é poder e esta é a vossa vida agora. Elisabete Fernandes Abril 2022
1 Comment
Maria Amélia Ameixoeira
15/6/2022 09:26:15 pm
Muita força e coragem Elisabete. Também sou seguida na Unidade da Dor do Hospital dos Lusiadas, o mesmo a que se refere e embora o quadro de dor seja muito intenso, o médico é de uma imensa atenção, o que ajuda muito a sentir que não estou só. Também a minha vida mudou muito. Sinto as limitações de que fala. E agora, como tive Covid, sinto os sintomas com mais intensidade. Mas amanhã é um novo dia. Um abraço. Amélia Ameixoeira
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July 2023
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