A relação entre o sexo e a fibromialgia ainda é um tema controverso. Mas sabe-se que o sexo feminino é mais propenso a desenvolver síndromes de dor crónica, como é o caso da fibromialgia. Os dados acerca desta patologia no sexo masculino estão limitados, e os vários estudos que investigam as diferenças entre sexos apresentam muitas vezes resultados contraditórios. Estas diferenças, particularmente na sensibilidade à pressão, não são tão óbvias como se considera, embora a maioria dos estudos sugira que as mulheres são mais sensíveis à dor resultante da pressão, do que os homens. O sexo feminino relata maior gravidade e duração de dor. Esta é descrita como uma dor mais intensa, anatomicamente difusa e mais duradoura.
Um estudo concluiu que mulheres com fibromialgia exibiram maior intensidade de dor e mais hiperalgesia à pressão, do que homens com a mesma condição. No entanto, homens com fibromialgia apresentaram um historial de dor mais longo e uma maior incapacidade ao nível da sua função física, do que mulheres com a mesma condição. A menor capacidade física registada no sexo masculino com fibromialgia, pode significar que estes apresentam uma componente mais somática e física, enquanto o sexo feminino, uma componente mais psicológica e cognitiva da patologia. Desta forma, sugere-se que a fibromialgia possa exibir um fenótipo diferente em relação ao sexo. Um estudo revelou que as mulheres também possuíam de forma significativa mais sintomas fibromiálgicos para além da dor, comparativamente com os homens. Nestes incluem-se sintomas como fadiga, rigidez matinal, insónias, maior número de pontos sensíveis e síndrome do intestino irritável. As diferenças que se verificam na perceção da dor entre sexos podem ser explicadas com base na genética, na presença de fatores não sensoriais/não biológicos como a ansiedade e pensamentos negativos, e nas diferenças biológicas. Em relação a estas últimas, os estrogénios podem ter um papel importante na modulação da dor, assim como as diferenças na função cerebral também podem influenciar a sensibilidade à dor. A fibromialgia pode desenvolver-se ou piorar acentuadamente na menopausa. Este facto indica que as hormonas femininas (estrogénios e progesterona) podem desempenhar um papel protetor, pelo que a sua diminuição no período da menopausa pode despoletar o desenvolvimento de dor generalizada associada à fibromialgia. No entanto, não há evidência de que a terapia de reposição hormonal nas mulheres pós-menopausa, melhore os sintomas da fibromialgia. Há também a hipótese de que a testosterona pode apresentar um papel protetor no sexo masculino. Homens com fibromialgia relatam menor intensidade média de dor, mas intensidade de pior dor, semelhante às mulheres com a mesma condição, pelo que se verifica um menor relato de dor pelo género masculino. Nas sociedades mais tradicionais e/ou patriarcais, o homem muitas vezes não aceita as limitações que a fibromialgia pode ter, enquanto que se sabe que as mulheres têm maior propensão para procurar serviços de saúde. Assim, a componente social também pode contribuir para as diferenças registadas entre género, ao nível da sensibilidade à dor. A crença generalizada de que a fibromialgia é uma síndrome predominantemente feminina origina muitas vezes um sobre diagnóstico da patologia nas mulheres e um subdiagnóstico da mesma nos homens. Declarações de especialistas, de organizações governamentais e não governamentais, livros didáticos, entre outras fontes, onde muitas vezes os testemunhos de pessoas com fibromialgia são exclusivamente femininos, podem levar a que os clínicos antecipem mais rapidamente o diagnóstico de fibromialgia numa mulher comparativamente a um homem. Fonte "Fibromialgia: Abordagem Terapêutica Integrada", por Mariana Rodrigues Pires. Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. 2021 Universidade do Algarve FCT
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May 2023
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